Seminário aborda ingerência do Ministério Público
Centenas de sindicalistas de Santa Catarina e de outros estados estiveram reunidos durante a manhã e início da tarde desta quarta-feira, dia 5, na cidade de Itapema. Eles participaram do 2º Seminário Estadual Sobre Custeio do Movimento Sindical, evento organizado pelo Fórum das Entidades Sindicais dos Trabalhadores de Brusque e Região. O encontro aconteceu no auditório da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Santa Catarina (Fetiesc).
Em pauta a continuidade da discussão sobre a ingerência do Estado, através de órgãos como o Ministério Público e o Ministério do Trabalho, na gestão das entidades sindicais da classe trabalhadora, conforme acontecera em Brusque no mês de agosto deste ano. “Queremos saber das centrais em nível nacional o que elas pensam e o quanto estão, de fato, preocupadas com essa questão que está afetando, diretamente, os sindicatos”, frisou na abertura o coordenador do Fórum das Entidades Sindicais, José Gilson Cardoso, que também mediou os debates.
Ao longo de mais de cinco horas, os sindicalistas expuseram os problemas vividos com a ingerência do Ministério Público, lamentando que não havia representantes do órgão, nem do Ministério do Trabalho, já que ambos foram convidados para discutir o assunto. Da mesma forma, sobraram críticas à atuação de lideranças políticas que são eleitas com discursos em defesa da classe trabalhadora, mas quando chegarem no poder mudam de opinião.
Participaram do debate representantes de três centrais sindicais em nível nacional: José Calixto Ramos (Nova Central Sindical de Trabalhadores e CNTI), Geraldino Santos Silva (Força Sindical nacional) e Francisco Pereira, o Chuiqinho (União Geral de Trabalhadores nacional), além de representantes de entidades e centrais sindicais de Santa Catarina, como Ildemar Antonio Martini (Fetiesc), Altamiro Perdoná (NCST-SC e Feticomsc), Osvaldo Mafra (Força Sindical) e Carlos Magno Bernardo (UGT SC).
“Essa questão que trata do custeio do movimento sindical e algumas ações aqui impingidas pelo Ministério Público, de uma forma geral, têm que ser enfrentada por todos nós. Têm que ser esclarecidas, inclusive, para a sociedade. É preciso que não se passe a imagem de que os sindicatos estão tendo um papel que não é o condizente para a lei. Quando um sindicato é chamado para fazer um Ajustamento de Conduta, isso não é brincadeira, é algo extremamente sério”, afirma Francisco Pereira, o Chiquinho, da UGT.
O presidente da NCST nacional, José Calixto Ramos, frisou que há a necessidade de buscar maior atuação junto à classe política para fortalecer o pleito das entidades e tentar barrar a invasão do Estado na gerência dos sindicatos. “Temos que tentar, de forma organizada, dentro do Congresso Nacional, de forma mais acintosa, sem agressividade, mas de forma mais impetuosa. Porque temos a consciência de que todas as nossas questões são dirimidas pelo Congresso”.
O representante da Força sindical nacional, Francisco Pereira, o Chiquinho, defendeu que as entidades saiam do foco do discurso e partam para ações concretas no enfrentamento às investidas do Ministério Público. “Acho que muitos companheiros aqui colocaram propostas importantes. Principalmente de tirar uma bandeira de luta e ir para a ação. Sair da discussão que tivemos que ir para a ação”, frisou ele.